sábado, 2 de abril de 2011

Poesia: A tragédia no Japão


Na Terra do Sol Nascente
A Natureza furiosa
Agiu de forma inclemente
Sem poesia e sem prosa

O país cambaleou
Como um deslocado ébrio
Devido à força do tremor
Tornando o clima funéreo

O mar inteiro sobre a praia
Avançou como manada
Invadindo de tocaia
A gente frágil e desarmada

Carros se tornaram brinquedos
Arrastados pela fúria lamacenta
E tomados de pânico e de medo
Fugiram da invencível tormenta

E o pesadelo de outrora
Relembrou aos prístinos nipônicos
Que, abrindo a Caixa de Pandora,
Desvelou os horrores atômicos

E o Antigo Samurai
Com sua espada em riste
É ferido no orgulho e cai
Como símbolo duma nação agora triste
Qual será o próximo ônus
De um povo garbo e industrioso
Que morre como a Ave Fênix
E ressuscita das cinzas venturoso?

A Ilha do Povo Amarelo
Foi pela Natureza aclamado
A Terra do Grande Flagelo
E do Prometeu Acorrentado.

Mas dotado de ciência mais fina
E da tecnologia mais cara
O povo japonês tem uma sina
Levantar-se como uma hirta vara

Pois como um bambu resistente
Que embora seja flexível
Ele bate sempre de frente
Contra a Natureza em seu nível

Que o japonês tão brioso
Viva em paz e harmonia
Seja no inverno mais rigoroso
Seja nas horas claras do dia

Rogamos ao nosso Demiurgo
Que saiamos do mundo de “Maya”
De vítimas de um Grande Verdugo
Sejamos filhos da Deusa Gaia.

por Pedro Ernesto Gonçalves Damasceno - O POVO

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